Novembro Azul
Dr. Aguinaldo Nardi, Ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, para falar sobre o Câncer de Próstata. Mitos e Verdades
1- Dr. Aguinaldo, por que os homens ainda resistem tanto a se submeter aos exames preventivos? Na sua avaliação, o toque retal é o que mais afugenta os homens dos consultórios dos urologistas?
Vivemos um problema cultural enraizado no homem latino, que acredita ser indestrutível e que nada poderá lhe acontecer. Ao contrário das mulheres, nós, homens, não sabemos reconhecer nossas fragilidades nem tampouco aceitá-las. Este fenômeno faz com que os homens não se politizem; com isto, não criam mecanismos de defesa contra os males que os atingem.
Infelizmente, ainda é o preconceito que afasta os homens dos consultórios urológicos, pois o exame da próstata é feito através do reto. Vale salientar que este exame dura aproximadamente 10 segundos, não fere a masculinidade nem traz consequências para o homem.
2- A partir de que idade é indicada a realização de exames preventivos?
Segundo recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia, que acabamos de publicar, todo homem acima dos 50 anos deve procurar anualmente o urologista para avaliação da próstata. Aqueles que têm antecedentes familiares, os afrodescendentes e os obesos devem iniciar os exames a partir dos 45 anos.
3- O Câncer de próstata atinge somente homens em idade mais madura?
O câncer da próstata é raro antes dos 40 anos de idade e sua maior incidência é a partir dos 50 anos, atingindo seu pico ao redor dos 60 anos.
4- Quais são os sintomas de câncer de próstata?
Infelizmente, na fase inicial, o câncer de próstata não apresenta sintomas nem sinais. Por este motivo, o exame passa a ser fundamental, pois o diagnóstico só poderá ser feito nos pacientes que foram até o médico. Quando os sintomas aparecem, o câncer já está numa fase avançada e não existe mais possibilidade de cura, restando tratamentos paliativos para melhorar a qualidade de vida.
Os principais sintomas do câncer avançado estão relacionados ao esqueleto: dores ósseas – em qualquer parte do corpo, podendo atingir até o crânio – e sintomas urinários, como dificuldade para urinar e sangramento pela uretra, por vezes difícil de ser controlado.
5- Existem outras doenças, não só câncer, que afetam o sistema genito-urinário. Quais os sinais que indicam que o homem deve procurar um urologista?
É importante lembrar que não só o câncer de próstata afeta os homens, mas o próprio crescimento benigno da próstata atinge a maioria dos homens e também leva a problemas, como a dificuldade miccional, o que afeta a qualidade de vida.
A disfunção erétil, por sua vez, afeta 50% dos homens brasileiros a partir dos 40 anos de idade e também pode ser tratada.
A diminuição do hormônio masculino, a testosterona, também diminui a qualidade de vida do homem – e hoje existem tratamentos específicos e muito bons para este tipo de situação.
Também não podemos esquecer dos cálculos urinários e da infecção urinária.
6- Existem alternativas mais conservadoras para o tratamento do câncer de próstata?
O tratamento depende de uma série de dados do paciente, assim como dos resultados dos exames complementares, como a biopsia da próstata e os valores do PSA. Alguns casos são considerados tumores indolentes e podem simplesmente ser acompanhados, sem necessidade de tratamento específico. Em geral, quando o tumor está numa fase inicial, o tratamento é baseado na cirurgia radical (por via aberta, por via laparoscópica, ou por cirurgia robótica) ou radioterapia. Ambas as técnicas têm altos índices de sucesso e sua indicação depende de análise criteriosa do médico que está acompanhando o paciente. Na fase avançada, temos o bloqueio hormonal, quimioterapia e mais recentemente duas novas drogas muito promissoras que são a abiraterona e a enzalutamida.
7- Acredito que um dos maiores dos maiores medos associados à doença é ficar impotente após a cirurgia. Mito ou verdade? Em que proporção isso acontece? É reversível?
Infelizmente, temos um preço a pagar para ficar livres da doença. A cirurgia radical e a radioterapia podem levar à disfunção erétil ou impotência em quase metade dos pacientes. Mas existe tratamento, caso isto ocorra. Os medicamentos por via oral (sildenafil, vardenafil e tadalafil) têm bons resultados, além de uma injeção que aplica-se no pênis ou, finalmente, a prótese peniana que tem tido grande avanço e constitui importante arsenal para o retorno à atividade sexual.
Outro grave problema está relacionado com o controle urinário. Felizmente, isto é bem raro, chegando a índices de 2%. Para estes casos, existe tratamento fisioterápico ou esfíncter artificial. Portanto, não há motivos para temer as complicações, pois existe tratamento caso algo venha a ocorrer.
Agradecemos Dr Aguinaldo pela entrevista muito esclarecedora, e convidamos a todos a conhecerem o site da Sociedade Brasileira de Urologia que possui informações sobre assunto relacionados. desejamos a todos os nossos queridos companheiros que tomem coragem e se cuidem!
Liliana Junqueira de P. Donatelli
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