Ebola – O que estamos fazendo de errado?
Enquanto o Brasil acorda aliviado com a notícia do segundo exame negativo que descartou a infecção por Ebola do caso suspeito de um refugiado africano detectado em Cascavel no Paraná, o mundo se assustou com o segundo caso em profissional da saúde infectado fora da África.
O paciente suspeito do Brasil foi transferido e isolado no hospital Evandro Chagas no Rio de Janeiro, que junto com o Emílio Ribas em São Paulo são os hospitais de referência no Brasil. Nos EUA há somente quatro instituições como referência. O problema é que o vírus não sabe disso…Nos EUA o paciente africano, que foi a óbito na semana passada, foi o primeiro diagnosticado em território americano, em Dallas, e foi atendido em um hospital comum.. Uma das auxiliares de enfermagem que cuidou deste paciente apresentou sintomas e esta internada no mesmo hospital, e já testou positivo para Ebola.
Ontem a NBC anunciou que 85% dos hospitais americanos não forneceram treinamento suficiente para os seus profissionais em relação aos controle de infecção relacionado ao tratamento de paciente diagnosticados com o vírus.
Na África mais de 370 profissionais da saúde já morreram infectados pela doença. Na Espanha uma auxiliar d enfermagem foi a primeira pessoa a adquirir a doença fora da África, e agora mais um profissional da saúde é infectado nos EUA. O fato levou o diretor do CDC (Centers for Disease Control and Prevention) T.Frieden vir a público e dizer que é preciso rever os protocolos de controle de infecção contra o Ebola.
O ponto chave é a colocação e retirada dos equipamentos de proteção individual. A contaminação pode acontecer neste momento.
Lições para serem aprendidas – Nigéria
Para conter a epidemia o fundamental é a busca ativa, e controle dos contatos dos doentes diagnosticados. A Nigéria teve uma história de sucesso.
Um único caso originou 12, depois 5 e depois mais dois e acabou a transmissão na Nigéria com o diagnóstico e controle rígido de contactantes , com busca ativa de sintomas, isolamento dos doentes.
Hoje, na África, ainda a média de progressão da doença esta entre 1,5 a 2 casos para cada novo caso, o que sugere que a epidemia ainda não foi contida.
A expectativa dos CDC é que a última semana de outubro seja o pico da epidemia e que depois deve diminuir a sua intensidade, até ser contida.
No Brasil
Ministério da Saúde lança plano de contingência e distribui comunicados para facilitar o diagnóstico.
Embora seja pouco provável uma epidemia de largas proporções no Brasil, nossas fronteiras são amplas e temos um país continental com muitos vôos chegando a cada dia.
Tempos de rever os conceitos em Biossegurança e planejar as nossas ações dia a dia, e nos preparar o melhor possível para uma eventual entrada do vírus no Brasil.
Liliana Junqueira de P.Donatelli