Prescrição Responsável de Antibióticos na Odontologia
Nesse Post a nossa convidada é Marie Fluent que é dentista e clinicou durante 25 anos em prática privada e hoje atua como consultora e palestrante. Marie é também consultora na área educacional da OSAP (Organization for Safety, Asepsis and Prevention) e escreveu numerosos artigos para conceituadas revistas científicas. A nossa conversa foi sobre o seu último trabalho publicado que aborda a prescrição de antibióticos na Odontologia:
JADA PDF ( íntegra)
Marie Fluent resumiu assim o seu artigo*:
A resistência aos antibióticos tornou-se uma ameaça à saúde pública global, séria e crescente. Embora novos padrões de resistência bacteriana continuem a ser identificados, o desenvolvimento de novos antibióticos diminuiu. Como os cirugiões-dentistas prescrevem aproximadamente 10% das dos antibióticos nos Estados Unidos, eles desempenham um papel fundamental no uso adequado de antibióticos. Isto é crítico para fornecer ao paciente uma assistência de alta qualidade, minimizando o risco de eventos adversos, e reduzindo a propagação de bactérias resistentes a antibióticos.
Dicas clínicas para Prescrição de Antibiótico por Cirurgiões-Dentistas
Considerações de Pré-tratamento
- Fazer o diagnóstico correto da infecção bacteriana oral.
- Reconhecer que os antibióticos raramente são úteis para o controle eficaz de uma infecção oral localizada.
- intervenções terapêuticas, tais como a incisão e drenagem, extração ou tratamento de canal, são os primeiros passos a serem realizados na maioria das infecções bacterianas orais. Pesar benefícios em relação aos riscos potenciais dos antibióticos antes de prescrevê-los. Toxicidade, alergia, efeitos secundários, e infecção por Clostridium difficile podem ocorrer mesmo com uma única dose.
- prescrever apenas antibióticos (e todas as outras receitas) para os seus pacientes em tratamento.
- prescrever apenas antibióticos para infecções bacterianas que você tenha sido treinado para tratar.
- Não prescrever antibióticos para infecções orais virais, infecções fúngicas ou ulcerações orais relacionadas a trauma ou aftas.
- Conhecer e implementar as recomendações nacionais para a antibiótico- profilaxia nos casos onde existam protocolos estabelecidos para condições médicas específicas (por exemplo problemas cardíacos).
- Rever a história médica do paciente
- Para avaliar alergias a medicamentos, interações medicamentosas, e o potencial para outros eventos adversos relacionados a medicamentos; e
- Para rever o possibilidade de gravidez e / ou condições médicas que teriam algum impacto na seleção do antibiótico.
Prescrição Durante o Tratamento
Assegurar-se que as referências científicas e que os dados sobre o antibiótico estão disponíveis e podem ser acessados durante as consultas dos pacientes.
- Evitar a prescrição de antibióticos com base em:
- em práticas históricas não baseadas em evidências;
- para satisfazer o paciente ou suas expectativas;
- conveniência de médico ou paciente; e
- pressão de outros profissionais de saúde.
- Fazer e documentar o diagnóstico, os passos do tratamento e, se prescrito, a justificativa para o uso de antibióticos, na ficha do paciente.
- Prescrever antibióticos apenas quando os sinais e sintomas clínicos de uma infecção bacteriana sugerirem disseminação sistêmica, tais como febre e / ou mal-estar juntamente com o inchaço oral local.
- Use o antibiótico mais específico (curto-espectro) e pelo menor período de tempo possível (2-3 dias após os sinais e sintomas clínicos diminuem) para pacientes saudáveis.
- Para o tratamento empírico, rever esquemas antibióticos com base na evolução do paciente e, se necessário, dos resultados da cultura.
- Considere conversar com especialistas sobre os protocolos de prescrição de antibióticos deles.
Envolver o paciente no tratamento
- Educar os seus pacientes para:
- Tomar o antibiótico exatamente como prescrito;
- Tomar apenas os antibióticos que foram prescritos para eles mesmos; e
- Não guardar antibióticos para doenças futuras.
- Manter as práticas para que cada prescrição seja ideal
- Oferecer treinamento para a equipe para aumentar a chance do paciente aderir à prescrição de antibióticos;
Certifique-se de que você está atualizado em relação controle das infecções bacterianas orais, participando de educação continuada e / ou conferências sobre o tema e / ou de acesso periódicos odontológicos ou textos de farmacologia sobre o tema.
Tive o prazer de conhecer Marie Fluent em uma Conferência Anual da OSAP e de trabalhamos juntas no comitê científico da Conferência ao longo de 2015/16. Marie é uma excelente profissional dedicada e competente. Esse ano tivemos um programa científico magnífico, creio que o melhor desde que eu frequento anualmente esse evento que é dedicado ao controle de infecção em Odontologia.
Anexei com a autorização dela o artigo original em inglês.
Liliana Junqueira de P. Donatelli
*Ela me enviou um resumo que transcrevi e traduzi.
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