Apresentação Camila CIOSP 2014
Dra. Camila Pinelli Professora Doutora da Faculdade de Odontologia UNESP Araraquara em entrevista com Luiza Donatelli* durante o CIOSP e no lançamento do Projeto “Uma Janela para Biossegurança”
Luiza Donatelli: O que você achou sobre o projeto “Uma Janela para a Biossegurança” ?
Dra. Camila Pinelli: Achei ótima a ideia, vai ajudar muito na questão do ensino que nós divulgamos na faculdade. Isso vai criar um elo entre a empresa cada vez maior com essa área porque muitas vezes eu sinto que há ainda um vazio: nós formamos acadêmicos que não conhecem, não têm interesse para saber sobre a biossegurança. Nós dentro da universidade, inclusive, vamos incluir isso, estou torcendo muito para o projeto.
Luiza Donatelli: Você conhece o Blog da Biossegurança?
Dra. Camila Pinelli: Sim, inclusive sou usuária cadastrada. Recebo notícias, estou sempre acessando. Acho ótimo, sempre traz as informações mais atuais que precisamos saber na área de controle de infecção. Na nossa faculdade, dentro do Comitê de Biossegurança disponibilizamos um link que vai direto para o blog da Biossegurança. Dessa forma, os alunos e professores podem acessar e fazer uma participação cada vez maior.
Luiza Donatelli: O que você gostaria de ressaltar para todos os dentistas em relação a biossegurança?
Dra. Camila Pinelli: Acredito que é um começo que estamos vivenciando hoje: muita mudança, muita cobrança pra melhor, para que possamos instituir, dar para os nossos pacientes um caminho para a saúde e que ele saia de um atendimento odontológico rígido e sem nenhum problema com a sua saúde. Esse é um novo olhar que precisa ser trabalhado desde a base familiar, cultural, do mundo, porque todos tem problemas com o controle de infecção, não é só o Brasil. Acredito que dentro da universidade, com os treinamentos e toda essa parte que temos melhorado a cada dia, em um futuro bem próximo teremos uma realidade bem melhor, principalmente na questão da certificação biológica da esterilização. Há ainda muitos profissionais na ativa que ainda não dão importância a esse procedimento porque na época deles não precisava disso. Existem muitas barreiras de vontade, as vezes o que falta é vontade. Lógico que existe o lado financeiro, a questão de implementar cada vez mais no consultório a tecnologia, mas acredito que estamos há um passo de tudo isso acontecer e a geração que vem vindo é muito a favor da tecnologia. Precisamos fazer a nossa parte e aliar o controle de infecção com tudo isso: desde a formação até a manutenção do controle na prática profissional.
Luiza Donatelli: Qual equipamento ou produto Cristófoli você achou mais interessante aqui do CIOSP? Por quê?
Dra. Camila Pinelli: Gostei bastante de conhecê-los. Sempre era por fotografia ou vivenciado em algum ambiente, vendo um material que já estava comprado. Fiquei impressionada com a qualidade, o design dos equipamentos; até a parte de ergonomia, que eu também sou professora nessa área, então gostei de ver a questão do tamanho das cadeiras, do cabeçote, o mocho odontológico. Chamou a minha atenção o caminho que a empresa tem traçado, muito legal!
Luiza Donatelli: Você acredita que as dificuldades dos seus alunos no aprendizado da biossegurança são mais de ordem mais prática ou teórica?
Dra. Camila Pinelli:Acredito que conhecimento eles recebem. A questão é desempenhar aquilo que se aprende. Nós fazemos várias avaliações sejam elas em dupla, diariamente. Não tem desculpa para falar que não sabe, apesar de muitas vezes dizerem isso. O caminho para tratar bem o paciente e promover a boa saúde é fazer porque considera importante: lavar corretamente as mãos, utilizar as barreiras protetoras, cuidar e lavar bem os materiais; são várias etapas e elas dão muito trabalho, mais até do que atender um paciente também porque isto é um prazer, você termina o procedimento e vê seus objetivos realizados. Essa etapa muitos confundem como algo que não deveria ser do aluno: eles têm preguiça, não têm muita vontade. Acredito que o problema não é o conhecimento e sim colocá-lo em prática.
Luiza Donatelli: O que você considera como maior desafio para o controle de infecção hoje?
Dra. Camila Pinelli:A vontade do ser humano. Se a pessoa é um profissional de saúde e trabalha em uma área hospitalar ou em um ambiente de assistência a saúde, como um ambulatório ou de uma faculdade de ensino de odontologia, por exemplo, ela tem que ter um diferencial, desenvolver o lado de cidadão e por em prática aquilo que é para o coletivo. Como exemplo o uso de luvas para apenas a sua segurança, mas o real motivo deveria ser pelas normas dos EPI’s e tem que trocar as luvas no momento de prestar uma assistência para uma outra pessoa. A vontade é o principal desafio. As pessoas, o recurso humano que precisa ser melhorado; e isso requer não só o esforço de uma universidade, envolve desde uma formação no ensino, da família, seus costumes. Se na casa do indivíduo as pessoas de seu convívio nunca deram importância em lavar as mãos antes das refeições, porque ela vai lavar para atender um paciente? Isso é algo que lutamos contra, é algo mais forte que o conhecimento. Provamos por meio dos protocolos, causas e efeitos, mas no fundo se a força de dentro não disser que naquele momento é hora de lavar as mãos, o processo não ocorre.
Luiza Donatelli: Como você acha que poderia ser melhorado o ensino de biossegurança nos cursos universitários de saúde?
Dra. Camila Pinelli: Precisamos de um pouco mais de espaço. Em termos de horas ou criar parcerias em que a comissão ou a própria disciplina de biossegurança seja abraçada como algo oficial e de importância em que se aborde tópicos por meio de treinamentos: passo a passo da esterilização e monitoramento biológico. A vivência é muito importante porque você só vê ou ouve você esquece, mas quando vivencia um processo você guarda, aquilo te modifica. Muitas vezes falta o tempo e o enfoque quanto a esse treinamento, sua importância; e ter espaço e alunos para fazerem. Nós temos em média setenta alunos, o que torna difícil acompanhar cada um, sem contar com o tempo que isso leva. Esse é um grande desafio na universidade. Alguns problemas acabam ficando sem solução aparentemente. Fazemos palestras com grupos pequenos, mas acho que o treinamento é a palavra. Práticas sem monitoramento estão muito sujeitas ao viés da própria pessoa que está fazendo. Para ela o trabalho pode estar bom, mesmo sem ter passado sabão, nem passou água corretamente ou só passou álcool ou algodão. Existem muitas pessoas ainda fazendo absurdos como esses. Também podem até reaproveitar materiais que não deveriam ser reaproveitados, por isso o acompanhamento e a nota evitam esse tipo de comportamento. Penso que a responsabilidade não deva ser apenas do aluno, mas é preciso sempre avaliá-lo como responsável porque ele será no futuro.
Luiza Donatelli: Existe algo que você gostaria de acrescentar?
Dra. Camila Pinelli: Gostaria de agradecer a todos, a empresa. Acredito muito no trabalho de vocês, no desempenho que têm com o nosso país de estar sempre liderando a questão da biossegurança. A Cristófoli para mim sempre tem o nome “linkado” a biossegurança e a Liliana Donatelli pricipalmente, que ela é o carro chefe não é? Fico muito feliz de estar participando e poder trazer um pouco das dificuldades, dos caminhos que ainda precisam ser construídos. Foi muito legal para mim como pessoa, professora, porque acredito muito no nosso trabalho. Temos que fazer um pouco a cada dia para dar tudo certo daqui a algum tempo ou em um futuro próximo.
Conheça o Projeto Uma Janela para Biossegurança
Acesse a aula ministrada pela Professora Camila Pinelli na sala de palestras Cristófoli durante o CIOSP: Camila Pinelli CIOSP 2014
Excelente recurso para você! Ótima aula. Parabéns Dra. Camila!
Liliana Junqueira de P.Donatelli
* Luiza Donatelli – Cursa a Faculdade de Jornalismo na Fundação Cásper Líbero
