Pasteur, os micróbios e a higiene das mãos - Blog Biossegurança

5 de maio – dia internacional dedicado à higiene das mãos

Pasteur, um químico francês que nos ensinou a importância da higiene das mãos e muito, muito mais. Escolhemos a sua biografia para celebrar esse dia e também homenagear o grande cientista que revolucionou a medicina com suas idéias e seus experimentos.

Louis Pasteur

Pasteur e suas descobertas em diferentes áreas da ciência:

revolucionou a produção de vinhos, da seda, da cerveja;
contribuiu definitivamente para a compreensão das doenças infecciosas e sua relação com os microrganismos;
desenvolveu a vacina contra a raiva, mas tudo começou com a química…

A influência da Família

A Família de Louis Pasteur era proprietária de curtumes no interior da França. Seu pai tinha planos nobres para o único filho homem – ser professor. Em 1837, aos 15 anos, muda-se para Paris e prossegui em seus estudos, mas não suporta viver longe da família. Retorna para casa apenas um mês depois. Continua a estudar em uma cidade próxima e apesar de não ser um aluno brilhante, Louis tinha um talento especial para o desenho. Chamava a atenção dos professores por sua tenacidade e organização.

A importância dos laços familiares prosseguiu com o casamento com Marie Laurent em 1849. Marie era filha do reitor da Universidade de Estrasburgo onde foi nomeado professor de Química. Esposa dedicada e compreensiva, participava ativamente na vida do cientista. Passava para o papel os resultados das experiências ditadas pelo marido, e ajudou-o ainda mais depois do derrame que o deixou hemiplégico. Ele era tão obsessivo pelo trabalho, que esquecia de comer. Ficou extremamente perturbado com a morte de três de seus cinco filhos por febre tifóide. A perda das crianças para doenças infecciosas teve um papel importante na incansável busca pelos microrganismos e modos de prevenir e tratar essas doenças.
“Nos campos da observação, o acaso favorece apenas as mentes preparadas” – Louis Pasteur

Pasteur e a Química

A carreira acadêmica do brilhante cientista começou na química onde ele descobriu variações ópticas de algumas substâncias. O jovem químico também observou que substâncias produzidas por organismos vivos tinham propriedades ópticas específicas. Essa propriedade levou-o mais tarde a concluir que produtos fermentados tinham a capacidade de desviar a luz polarizada, sendo portanto produzidos por seres vivos.

Ciência Aplicada – Pasteur salva a produção de vinho

Pasteur havia sido chamado para tentar resolver o problema que os produtores enfrentavam com as exportações de vinho que azedavam nas garrafas, se transformando em vinagre.

O cientista começou a estudar o vinho. Concluiu que eram os microrganismos os responsáveis pelo processo de transformar os carboidratos do suco de uva em álcool. Ao ferver o suco a produção cessava. Com o uso do microscópio ele foi também capaz de visualizar as leveduras mortas.

O pesquisador concluiu que o vinho azedava devido à presença de bactérias que ele encontrou em suas observações. Pasteur propôs aquecer as garrafas com o vinho à temperatura de 55^o Celsius. Assim essas bactérias eram eliminadas sem comprometer a qualidade do vinho.

De onde veio a Pasteurização?

Quando falamos em pasteurização imediatamente nos lembramos de leite. Foi a grande consagração do método idealizado por Pasteur, formulada inicialmente para proteger o vinho. Ainda hoje, este método é bastante utilizado na preservação de alimentos, pois elimina grande parte das bactérias.

Teoria Microbiana derruba Teoria da Geração Espontânea

Com o vídeo GERAÇÃO ESPONTÂNEA você pode entender o pensamento dessa teoria, aceita na época de Pasteur.

Acreditava-se que da roupa suja naturalmente criavam-se baratas e ratos, assim como da carne deixada ao ar livre surgiam larvas de mosca. Era a teoria também conhecida como abiogênese, refutada por Pasteur depois de muitos anos de estudo e do famoso experimento com o frasco com pescoço de cisne.

Pasteur acaba com a praga do Bicho da Seda – 1865

Mais uma vez dedicando-se a aplicar a ciência e à salvar a economia, Pasteur elucida a causa da mortalidade das larvas do bicho da seda. Durante seis anos ele sugeriu medidas que controlaram as duas pragas que assolavam a criação desses insetos: a pebrina e a flacidez. Esses estudos contribuíram para que o cientista compreendesse outros métodos de contágio.

Críticas na comunidade médica francesa

Pasteur que já havia relacionado a deterioração do vinho e alimentos aos microrganismos que observava em seu microscópio, deduziu que as doenças humanas infecciosas também deveriam ser causadas por microrganismos específicos.

Com o conhecimento que temos hoje é muito fácil entender o que se passa, uma vez que graças ao cientista sabemos da existência dos microrganismos.

Pasteur, entretanto, foi duramente criticado por parte da comunidade médica, ainda que tenha sido admitido na Academia Médica de Paris em 1873, mesmo sendo químico por formação. Além de tudo, Pasteur acusava os médicos: “O que está matando as mulheres com infecção puerperal não é nada disso. São vocês, médicos, que transportam micróbios mortais das mulheres doentes para as mulheres sãs.” O que efetivamente era a mais pura realidade!

Triste que ainda hoje, mais de 100 anos depois, muitos médicos ainda não higienizam suas mãos ao entrar no quarto de hospital para visitar um doente! Quem já não viu essa cena?

Entretanto, Pasteur conquistou alguns médicos ilustres, entre eles o escocês Joseph Lister que baseou a sua metodologia da antissepsia em seus estudos. O médico também teve oponentes, apesar do grande sucesso na queda da mortalidade alcançada, após a implantação do método no Hospital da Universidade de Glasgow.

Pasteur e as Primeiras Vacinas

Sistemático, herança de sua formação em química, o cientista iniciou seus estudos em um novo laboratório longe de Paris sitiada pela guerra quando??.

Nessa fase buscou a comprovação experimental de um antigo pensamento no qual ele supunha que os microrganismos além de responsáveis pela fermentação e putrefação dos alimentos, também eram responsáveis pelas doenças contagiosas.

Em 1877 trabalhou intensamente com as doenças infecciosas descobrindoos microrganismos:

Staphilococcus- causador de furúnculos e osteomielite.

Streptococcus- responsável pela febre puerperal.

Pneumococus- causador da pneumonia.

A Ciência salva a economia

Atendendo a um pedido do Ministério da Agricultura da França, Pasteur, desvenda a forma de transmissão do carbúnculo no gado e consegue elaborar uma vacina que os protege da doença.

Baseando-se nos estudos de Edward Jenner que conseguiu proteger humanos contra varíola, inoculando a vaccínia, doença similar, Pasteur conseguiu desenvolver um método para atenuar os próprios microrganismos causadores da doença e obter a imunização.

Salvou mais uma vez uma importante fonte da economia francesa: a criação de ovinos.

Conseguiu também atenuar a virulência dos seguintes agentes:

Cólera das aves, culminando com a sua vacina em 1878

Antrax Ovino – Vacina ficou pronta em 1881

Nasce mais uma nova ciência – Imunologia

Aplicando seu método de estudo das doenças infecciosas (agentes microbianos), sua prevenção (assepsia), e sua profilaxia pela imunização (vacinas), Louis Pasteur fundava a ciência da imunologia.

Vencendo o invisível: a raiva

Confiante em seu método, Pasteur busca uma vacina para combater uma grave doença em humanos, a raiva. Convencido que para cada doença infecciosa havia um micro-organismo responsável, ele tenta, em vão,encontrá-lo. Hoje sabemos que se trata de um vírus, impossível de ser visualizado no microscópio óptico convencional da época.

Ainda assim, incansável, ele realiza experimentos com cães infectados e chega a um método para protegê-los da morte, antes inevitável. Finalmente consegue comprovar sua teoria testando em humanos mordidos por cães raivosos, com o mesmo resultado. Pasteur consegue mais um feito, a vacina contra raiva.