Biossegurança em odontologia e gerenciamento das superfícies clínicas
Bom, a primeira questão é definir quais são os tipos de superfícies que encontramos no consultório odontológico. São basicamente duas: as superfícies clínicas, contaminadas durante o atendimento pelo contato das mãos enluvadas ou instrumentos contaminados, como por exemplo as alças do refletor. As superfícies de limpeza que estão dentro da área clínica mas não são tocadas pelos profissionais ou pelo paciente durante o atendimento.
Como fazer o controle de infecção dessas áreas?
Essas áreas de toque podem proporcionar a infecção cruzada e possibilitar a transmissão de alguma doença. Por esse motivo, devem ser tratadas entre um paciente e outro. São duas as alternativas:
- Colocação de barreiras impermeáveis ou
- limpeza e desinfecção das áreas
O que vem antes?
A primeira coisa a ser estabelecida é quais são as superfícies clínicas dentro do seu consultório, pois isso poderá variar de acordo com as características do seu equipo:
- alças do refletor
- encosto da cabeça co paciente
- descanso dos braços da cadeira do paciente
- botões da cadeira
- bandeja do equipo
- alça do equipo
- apoio das peças de mão
- mangueiras das peças de mão
- mangueira do sugador
- Cabeçote do equipamento de Raios-X
- Alça do equipamento de Raios-X
- telefone
- teclado do computador
Exemplo de superfícies de limpeza: paredes, chão e pia. Limpar com detergente e água e conforme a superfície depois desinfetar. A frequência da limpeza também deve ser avaliada para cada tipo de superfície. Usualmente no final de cada dia de trabalho.
Organização
Qualquer que seja o método escolhido por você, precisa ter uma regra e um sistema para ser executado com o objetivo de diminuir o tempo de preparo entre um paciente e outro. E o mais importante – não pode queimar etapa!
Por exemplo, a barreira do refletor não foi tocada e então eu decido não trocar- ERRADO. Por quê?
Mesmo que não tenha sido tocada, recebeu contaminação ambiente que pode ser levada para a boca do paciente quando o profissional tocar essa barreira e voltar à cavidade oral do paciente.
Portanto todas as barreiras que foram colocadas devem ser retiradas, com luva e recolocadas com o profissional sem luvas (para procedimentos clínicos) com as mãos higienizadas.
O mesmo vale para a limpeza e desinfeção dessas áreas, deve seguir um protocolo de ordem e sempre limpar e desinfetar.
Barreiras ou Limpeza seguida de desinfecção?
Como tudo na vida, cada opção tem pontos positivos e negativos e você deve escolher o que é mais importante no seu caso. E você ainda pode optar por um combinado das duas.
Barreiras vantagens:
- protocolo é mais rápido entre um paciente e outro;
- prática para superfícies cuja limpeza é difícil;
- o protocolo é facilmente identificado pelo paciente;
- eficiente em superfícies porosas ou que não podem receber desinfetantes como eletrônicos e certos equipamentos.
Barreiras desvantagens:
- não são reguladas pela ANVISA, portanto não há homogeneidade quanto à qualidade;
- necessita uma variedade de modelos para se adaptar às diferentes necessidades;
- adiciona muito material não degradáveis ao meo ambiente;
- pode custar mais caro que os desinfetantes
Limpeza e desinfecção vantagens
- o protocolo pode ser montado com um menor número de itens
- pode custar menos
- não descarta plástico ao ambiente
Limpeza e desinfecção desvantagens
- Demanda muito tempo para cumprir todo o protocolo; (pelo menos 2 passos limpeza+ desinfecção)
- a qualidade do processo não fica visível;
- os profissionais devem usar EPI para aplicar os produtos
- algumas superfícies não permitem receber produtos químicos (danificam ou comprometem o funcionamento de equipamentos)
- Algumas superfícies não podem ser adequadamente limpas
- adiciona produtos químicos ao ambiente
- se forem usados lenços esses também geram resíduos com produtos químicos
- alguns desinfetantes precisam ser preparados diariamente
Tem alguma sugestão ou observação?
Liliana Junqueira de P.Donatelli