Hoje celebramos o Dia mundial das mulheres e meninas na ciência! Saiba mais sobre esse assunto nesse post e o porquê é necessário ter um dia para especial para ele.
Você sabia que apenas 28% dos cientistas são mulheres?
O mundo mudou bastante em vários aspectos, quando comparamos com o século passado, por exemplo. Hoje em dia vemos mulheres em cargos de chefia, cientistas, políticas e algumas em profissões tipicamente masculinas. Mas será que já existe paridade de gênero? Os salários são iguais em todas as empresas?
Pense em um cientista agora! Pensou em uma mulher? Parabéns, você já se modernizou. A maioria certamente vai se lembrar de um homem. É cultural. Ou seja, está no nosso imaginário lembrar de um cientista do sexo masculino, afinal eles têm sido protagonistas ao longo da história.
11 de fevereiro: Dia mundial das mulheres e meninas na ciência
O dia mundial das mulheres e meninas na ciência foi instituído pela ONU em 2015 com a finalidade de estimular as meninas a ingressarem nessas carreiras. De lá para cá muitos eventos e ações aconteceram com o objetivo de por em prática a proposta. Mais e mais mulheres estão nesse mercado de trabalho mas ainda poucas ocupam cargos de liderança, chefia e muitas vezes recebem salários inferiores aos seus colegas. Um ponto de estrangulamento em carreiras tão competitivas é a maternidade que frequentemente desacelera a produção científica nesses momentos, bem como dificulta viagens e intercâmbios internacionais na colaboração em projetos e pesquisas.
Como fazer para mudar essa realidade?
Com mais mulheres em posição de liderança para encontrar soluções para problemas que a maioria dos homens nem imaginam que existam, como por exemplo gravidez, menstruação, maternidade, TPM, cólicas…Na grande maioria das vezes, quando um filho ou um pai/mãe fica doente quem providência o cuidado é a mulher. Entretanto, o problema é de todos. Por esse motivo, é fundamental buscar soluções inclusivas e que permitam que a atenção seja prestada sem com isso prejudicar a carreira das mulheres.
Esse dia também contribui para alertar para o problema e para mudar a cultura ainda machista que nos cerca.
Mulheres Brasileiras na Ciência
A Fundação Oswaldo Cruz, nesse livro estimulante escrito por Juliana Krapp e Mel Bonfim, homenageia 13 cientistas brasileiras contando as histórias dessas mulheres incríveis que fizeram parte da instituição. São elas:
- Alzira maria Paiva de Almeida (1943) – Nutricionista – Referência mundial nas pesquisas sobre peste bubônica.
- Bertha Lutz (1894-1976) – Formada em História Natural pela Sorbonne, em Paris. Além de naturalista, Bertha conquistou um diploma em direito, sendo uma feminista que contribuiu imensamente para os avanços femininos no século passado. Entre elas, a diminuição de carga horária de trabalho para mulheres e menores de idade. Lutou pela igualdade salarial e pelo direito ao voto feminino. Na pesquisa, dedicou-se à botânica e o estudo dos anfíbios. Era filha de Adolfo Lutz e Fiona Fowler – enfermeira, o que facilitou seu acesso aos estudos em níveis mais avançados, já que seus pais tinham uma mentalidade distinta de sua época. Ela estava entre as oito mulheres (entre os 300 participantes) na fundação da ONU em 1945. Após muito alvoroço, conseguiu incluir na carta de princípios a relevância de alcançarmos mais igualdade para as mulheres.
O livro ainda inclui:
- Celia Landmann Szwarcwald – Matemática. Em 2013, conseguiu utilizar os dados da saúde populacional como instrumento de estudo em Saúde Pública.
- Christina Morais – Engenheira Química – Especialista em vigilância sanitária na área de alimentos. Foi a primeira pesquisadora negra a obter o doutorado em Vigilância Sanitária no país.
- Euzenir Sarno – Médica especialista em hanseníase.
- Marcia Chame – Bióloga com mestrado em doutorado. Sua área de estudos é a paleoparasitologia. Ou seja, estuda os parasitas que infestavam os animais de outras épocas. Para isso utiliza os coprólitos que são fezes fossilizadas.
- Margareth Dalcomo – Médica pneumologista com foco na tuberculose. Mas você provavelmente a conhece por seu imenso papel em divulgar ciência durante a pandemia de COVID-19. Escreveu o livro: Um tempo para não esquecer. (Eu acabei de comprar…) Suas entrevistas traziam a sabedoria com a seriedade necessária, mas sem pânico, com embasamento científico, explicando com palavras simples o funcionamento da pandemia em tempo real. Foi uma voz serena e firme numa época tão conturbada.
- Maria Cecília de Souza Minayo – Socióloga com mestrado em Antropologia e doutorado em Saúde Pública. Estuda a violência um problema enorme de saúde pública.
- Maria José von Paumgartten Deane – Médica estudou doenças tropicais com destaque para a Leishmaniose visceral. Ela e o marido também cientista se destacaram em pesquisas de campo no Norte e Nordeste. Malária, doença de Chagas forma alguns dos seus objetos de investigação.
- Marilda de Souza Gonçalvez – Farmacêutica com mestrado e Doutorado em Genética e Biológica Molecular. Colaborou para implementar o estudo das doenças falciformes que acometem principalmente pessoas negras. É um dos exames incluídos no “teste do pezinho”, logo que o bebê nasce. Isso colabora para um tratamento mais eficiente da doença. Destacou-se também ao estimular que a ciência dê mais espaço para mulheres negras.
- Miriam Tendler – Médica infectologista é pesquisadora líder no desenvolvimento da vacina contra esquistossomose – doença tropical negligenciada transmitida por caramujos e que afeta milhares de brasileiros. De acordo com o Ministério da Saúde, 1,5 milhão de pessoas vivem em área de risco para contrair a doença no Brasil.
- Nísia Trindade de Lima – Socióloga de formação, sua tese de Doutorado “Um Sertão Chamado Brasil” ganhou um prêmio do atual IESP. Foi a primeira mulher presidente do Instituto Oswaldo Cruz, eleita também e é a atual Ministro da Saúde. Durante a Pandemia de COVID-19 teve papel de destaque na Fiocruz. A instituição foi líder junto com o Butantan nas ações de prevenção, diagnóstico e de produção de vacinas.
- Zélia Maria Profeta da Luz. Farmacêutica com mestrado em Biologia molecular e doutorado em parasitologia. Sua área de atuação de destaque além da pesquisa e ensino foi de mobilização social relacionadas à prevenção de doenças e promoção de saúde.
Abaixo o acesso a esse livro realmente incentivador.
Histórias para inspirar futuras cientistas
Fiocruz e as cientistas
Nesse breve resumo que fiz acima do livro, pudemos ver que na saúde pública tem muitas cientistas além das médicas, biólogas e farmacêuticas.
Mais Mulheres na Ciência
Além das pesquisadoras que citamos acima que pertencem à Fundação Oswaldo Cruz temos muitos exemplos que eu trago aqui para homenagear nesse dia:
Destaques na Epidemia de Zika em 2015:
Silvia Inês Sardi em colaboração com Gubio Soares ( laboratório de virologia da UFBA) foram os responsáveis por identificar o vírus em 2015.
As médicas Vanessa Van Der Linen e Maria Angela Rocha desconfiaram do súbito aumento de bebês com microcefalia em Recife e buscavam uma possível associação com alguma infecção com resultados negativos. Até que a médica Adriana Melo na Paraíba coletou amostras das mães grávidas com bebês já diagnosticados com microcefalia por exames de imagem, que deram positivo para Zika. Foi o que levou à descoberta que o vírus conseguia atravessar a placenta.
Luana Araújo – Médica infectologista premiada e reconhecida internacionalmente. Voz ativa durante a pandemia de Covid-19 e tivemos o prazer de tê-la conosco em uma live que está disponível clicando aqui LUANA ARAÚJO. Além da sua atividade médica, luta contra as fake-news e o que ela chama de “esgotosfera” que propaga movimentos anti-vacina e por meio de não-ciência para influenciar pessoas. O Instagram é o seu meio de comunicação com a população. Suas explicações utilizam palavras simples e explicam o porquê de cada afirmação baseada em evidências científicas.
E aí? Deixamos alguém de fora? Certamente. Temos mulheres incríveis e maravilhosas que fazem parte da pesquisa no Brasil.
Homenageie aqui nos comentários uma mulher cientista citando a sua área de atuação.
Parabéns! E que as meninas se inspirem!
Liliana Donatelli.