No post ” Quando eu preciso de uma autoclave Classe B “você vai entender as diferenças entre as autoclaves de mesa e quando usar cada uma delas.
Autoclave Classe B – De onde vem esse termo?
Essa é uma classificação da norma de pequenos esterilizadores da ABNT NBR 11817 que teve sua origem da norma europeia EN 13060.
A norma determina as exigências gerais e de desempenho dessas autoclaves bem como os métodos de ensaio para avaliar cada ciclo.
Tem uma grande performance, esterilizam uma grande variedade de cargas (como as que podem ser processadas em uma autoclave hospitalar), cumprem exigências mais elevadas em relação a segurança, funcionamento e desempenho.
Essas autoclaves utilizam um sistema diferente do gravitacional para remoção de ar, utilizando uma bomba para fazer vácuo. O teste de Bowie Dick, obrigatório para essas autoclaves, serve para mostrar a penetração do vapor em um tempo pré-determinado, e deve ser realizado diariamente em ciclo próprio antes do início dos ciclos de esterilização.
O que é considerado um pequeno esterilizador?
A norma denomina pequeno esterilizador a vapor, qualquer autoclave com capacidade abaixo de 60 litros.
Classificação das autoclaves
Há vários tipos de categorização das autoclaves, baseadas em tamanho, remoção de ar e quanto aos tipos de ciclo que a autoclave é capaz de realizar. Nesse caso, a norma combina o tamanho com o tipo de ciclo que o equipamento foi validado para esterilizar e que também está relacionado com a sua capacidade de remoção de ar. Por esse motivo, a classificação é bastante interessante porque combina as exigências e fica mais fácil determinar qual equipamento utilizar para esterilizar um produto para a saúde/dispositivo médico.
Parâmetros para a Esterilização em Autoclave
A esterilização em autoclaves ocorre pelo contato do agente esterilizante, o vapor saturado sob pressão a uma dada temperatura por um dado tempo. Quanto mais quente, maior a pressão e menor o tempo necessário de contato. Essa é uma simplificação, mas que define os parâmetros principais para obtermos a esterilização.
Limpeza é fundamental
Para que haja o contato do vapor com a intimidade do instrumento é fundamental que ele esteja limpo. Caso contrário a sujidade vai proteger os microrganismos desse contato com o vapor. Por esse motivo, dizemos que a limpeza é fundamental para que a esterilização aconteça. Um dos vilões da limpeza é o biofilme que pode se formar rapidamente em instrumentos sujos. O biofilme é uma organização complexa de matéria orgânica e um aglomerado de microrganismos que se multiplicam e secretam substâncias que dificultam a ação de agentes de limpeza.
O ar atrapalha
O ar frio é um excelente isolante térmico, se forem criados bolsões de ar frio no interior da câmara, não será possível atingir a temperatura de esterilização nestas áreas, colocando em risco o processo de esterilização.Por esse motivo, é necessário a remoção do ar para promover essa interação. Os fabricantes utilizam diferentes tecnologias para a retirar o ar da câmara e dos pacotes. Pode ser gravitacional (Classes S e N), ou com bomba de vácuo (Classe B, com pulsos de vácuo e injeções de vapor). Dessa forma obtemos a esterilização de diferentes tipos de instrumentos e produtos para a saúde.
Tipos de Ciclo de Esterilização
- CICLO B – Esterilização de produtos embalados ou não, sólidos, cargas com lúmen tipo B (diâmetro <5mm (exemplo: cânulas cirúrgicas) e produtos porosos
- CICLO S – Esterilização de produtos, como especificado pelo fabricante do esterilizador, incluindo produtos sólidos não embalados e, pelo menos um dos seguintes: Produtos porosos, artigos porosos pequenos, carga de produtos com lúmen tipo A (diâmetro >5mm, (exemplo: sugadores cirúrgicos), [LD1] produtos individuais embalados, produtos embalados com múltiplas camadas.
- CICLO N – Esterilização de produtos sólidos não embalados
*Para compreender melhor os tipos de artigos com lúmen verificar a norma (vendida) no site da ABNT.
Ciclos B
Se o ciclo B é o mais completo porque não utilizamos somente esse tipo de ciclo? As autoclaves com esse tipo de ciclo são mais complexas e, portanto, possuem uma tecnologia incorporada que reflete no investimento para sua aquisição. Além disso, os valores gastos com água, energia e com ciclos de monitoramento são um pouco mais elevados. Mas é exigido para certos artigos com partes ocas, mais complexos, com lúmens internos estreitos longos ou com fundos cegos.
Afinal como saber se eu preciso de uma autoclave Classe B?
O fabricante do instrumento e dispositivo médico (produto para a saúde) deve declarar nas instruções de uso detalhadamente como processar esse artigo, como limpar, como esterilizar e em qual tipo de ciclo. Infelizmente a maioria não estabelece. Portanto, devemos avaliar todos os nossos materiais e verificar se existe algum que seja mais complexo:
- Mangueiras longas e estreitas,
- Cânulas,
- Pacotes porosos densos,
- Artigos muito complexos que não seja possível a entrada de água e escovas para limpeza.
Quais especialidades que geralmente necessitam de autoclaves classe B?
- Oftalmologia cirúrgica
- Cirurgia plástica e em alguns casos harmonização orofacial
- Cirurgia Bucomaxilofacial
Existem artigos de outras especialidades que devem ser esterilizados em ciclos tipo B. Por esse motivo, na dúvida, entre em contato com o fabricante do instrumento/dispositivo médico/produto para a saúde que você deseja esterilizar. Ele é o responsável para validar e determinar o tipo de ciclo de esterilização compatível com o seu produto.
Os profissionais devem avaliar o custo benefício na aquisição da autoclave que melhor se encaixa na sua realidade.
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Liliana Donatelli
[LD1]Os clínicos são descartáveis
