João Alfredo Jr. é Coordenador de Marketing do Grupo Vilella e articulista do Jornal Em Questão que circula na fronteira oeste do Grande do Sul.
A crônica onde João Alfredo conta sua visita à Cristófoli, foi publicada no Jornal 10 de março de 2012, segundo informou o autor.
“Traduzir o intraduzível.
Campo Mourão, nos campos do meio oeste paranaense, ardia na fornalha de Novembro. Já ouvira falar da cidade que é conhecida por abrigar a sede da mais importante cooperativa do Brasil, mas nem de perto havia cruzado. Não cogitava o que esperar da cidade e qualquer impressão teria que ser adiada até o amanhecer do próximo dia, pois pousamos no aeroporto de Maringá, já passado da meia-noite, de onde, seguiríamos de carro.
O progresso dava as caras nas estradas conservadas. Longas retas, cortando coxilhas, cruzando um punhado de pontes, e campos, e silhuetas de araucárias desenhadas pelo luar de quarto crescente. Nas placas lia os nomes de cidades conhecidas: Foz, Francisco Beltrão;outra com o curioso nome de Cia Norte. Então chegamos a Campo Mourão já na madrugada. A iluminação das avenidas largas revelava o solo argiloso, que avermelhava as bases de quase tudo que nele se sustentava. Passamos pela oponente sede da Coamo, a pujante cooperativa. Via, abundantes, os Flamboyants exuberantes no final da Primavera de calor tórrido, com suas flores vermelhas.
O nosso compromisso na cidade era na empresa líder brasileira em tecnologias de biossegurança, a Cristófoli. No outro dia, receberam-nos as duas irmãs e sócias, Jane e Ângela Cristófoli. Raras vezes tive a oportunidade de estar junto a pessoas tão agradáveis como elas, donas de uma gentileza genuína, de vozes açucaradas e olhar diáfano. Na fábrica, via o que é também raro, um ambiente visivelmente humanista; “era bom estar ali”, lia-se no rosto de todos. É, talvez fosse uma efêmera impressão, a primeira e a que fica, mas ela se sustentou e logo fui descobrir que o motivo era terreno, além de viável.
A empresa crescia e demandava de mão de obra qualificada para a indústria eletrônica, a qual, em meio a um polo agrícola, era escassa. Nascia a Fundação Educere, que nas palavras de seus idealizadores, liderados pelo irmão mais velho das anfitriãs, “é um Centro de Pesquisas e Desenvolvimento biotecnológico, com foco na incubação de empresas, a partir de um projeto social inovador que atua na formação de jovens com potencial empreendedor”. Nascia, também, o compromisso de formar a própria mão de obra, mas também a da cadeia produtiva.
Conheci os laboratórios, conversei com os funcionários forjados naquelas salas de aula. Programadores, analistas, profissionais da gestão da qualidade que nos apresentaram algumas soluções por eles desenvolvidas de fazer brilhar os olhos de executivos quaisquer.
Mas não era somente a competência que se projetava daqueles olhares jovens, havia um entusiasmo nítido nos semblantes. Percorrendo os corredores da Educere, alcançamos um quintal adornado por uma árvore de frondosa sombra, pedras à espera dos cinzéis, mosaicos terracota, e algumas esfinges… dois jovens professores de escultura apresentaram o atelier onde os alunos da Fundação aprendem a técnica, esculpem a pedra e o entusiasmo dos próprios rostos. À funcionalidade propalada nos modelos de gestão, a Educere está além de uma alternativa, é antes, uma resposta definitiva que pode ser sintetizada na máxima de Da Vinci que afirma “a arte diz o indizível, exprime o inexprimível, traduz o intraduzível”. “
escultura feita por aluno da Fundação Educere – Campo Mourão – PR