A expedição ocorreu no território brasileiro em Maturacá-AM e dentre os voluntários esteve presente uma das sócias da Cristófoli Biossegurança que relata sua experiência.
A Associação Expedicionários da Saúde é uma organização brasileira sem fins lucrativos, criada em 2003 por um grupo de médicos voluntários que levam medicina especializada, principalmente atendimentos cirúrgicos, a populações indígenas da Amazônia brasileira. Estas ações complementam os programas já existentes de atendimento oferecidos à saúde indígena proporcionando maior comodidade e conforto aos pacientes que são atendidos na localidade em que residem.
A viabilidade do projeto só é possível devido a participação de voluntários e parceiros que se dedicam há anos , ultrapassando 30 mil atendimentos e 5.20 cirurgias.
Entrevista com Jane Cristófoli em viagem com os Expedicionários da Saúde em Maturacá
Como foi participar do Projeto Expedicionários da Saúde?
Jane: Eles (os Expedicionários da Saúde) tem um projeto incrível com uma grande missão: levar a saúde a lugares remotos, onde não existem recursos básicos. Matucará foi a 33ª Expedição e nós trabalhamos com os índios da tribo Yanomami. Foi uma experiência extremamente gratificante. É muito bom poder ver aquelas pessoas sendo tratadas e saindo felizes dos atendimentos. A rotina é intensa, trabalhei muito por lá, mas foi recompensador participar disso tudo.
Como funciona a organização dos Expedicionários?
Jane: É tudo muito bem organizado e planejado. Antes mesmo do projeto começar, a equipe de logística viaja à frente para preparar e organizar o que precisa ser feito no local. Esta equipe passa de casa em casa realizando uma pré-seleção das pessoas que deverão ser atendidas pelo projeto.
Os atendimentos são realizados em ginásios locais com barracas do exército, tem espaço até para pós-operatório. Tudo muito bem feito, ordenado e coordenado, sendo que a equipe de médicos é extremamente qualificada, me surpreendeu!
Como funciona uma Central de Esterilização no meio da Amazônia?
Jane: Por incrível que pareça é melhor estruturado do que em muitos lugares em centros urbanos. Apesar de ser montada em uma tenda gigante do exército, o projeto providencia todos os recursos necessários para uma central adequada. A maioria dos recursos são doações de empresas parceiras, como a Cristófoli. No interior da tenda o ambiente é divido em duas partes: a área suja, onde entram os instrumentos contaminados e área limpa, por onde saem os instrumentos esterilizados – exatamente como funciona em um hospital ou clínica. A monitorização da esterilização também é levada muito a sério. Todo ciclo de esterilização realizado oé monitorado e protocolado em um fichário do próprio projeto. Tinha uma supervisora responsável que avaliava se tudo estava sendo registrado da maneira correta. Achei incrível a dedicação, a preocupação e o cuidado que eles tem com a biossegurança.
Você conhece de perto as autoclaves Cristófoli, como é o funcionamento dos equipamentos em um local tão precário em termos de instalações?
Jane: Apesar de parecer precário, as instalações eram muito bem dispostas. A questão da energia não tinha jeito… era complicado! Trabalhávamos com um gerador de energia e tínhamos mais ou menos umas 8 autoclaves funcionando ao mesmo tempo, então era normal que as autoclaves funcionassem com os picos de energia. Algumas vezes tivemos que reiniciar todo o processo, mas sempre fazendo a monitorização para garantir a esterilização. As nossas autoclaves (Cristófoli) funcionaram muito bem, principalmente a Quadra 54 que não sofreu com nenhuma queda de energia e era a que mais usávamos.
Como foi trabalhar nessa central de Esterilização?
Era um ritmo de trabalho muito intenso, começávamos às 8 horas da manhã e terminávamos ás 10 da noite. Trabalhei como auxiliar de enfermagem por lá, na verdade, auxiliar da auxiliar. Tive um treinamento completo apreender a minha rotina de trabalho, cada passo e o que eu deveria fazer em cada situação. Eram muitos instrumentos para serem esterilizados e monitorizados, o esforço era grande. Apesar da ritmo extenuante, sempre havia algum momento para descanso. Era uma chance aproveitar para ir ao rio relaxar um pouco, então era terapêutico ao mesmo tempo.
Participar desta expedição foi uma experiência incrível, recompensadora, com aprendizados e lembranças que levarei para toda vida.