Através da arte, o Ministério da Saúde, com apoio de uma empresa fabricante de autoclaves (aparelho para esterilizar instrumentos), quer conscientizar manicures e tatuadores sobre a transmissão da hepatite C. Para isso, abriu um concurso cultural que premiará os três primeiros colocados que conseguirem retratar a prevenção com originalidade.

A bióloga, mestre em saúde coletiva e consultora da empresa fabricante de autoclaves Liliana Junqueira de Paiva Donatelli, que é bauruense, explica que o concurso cultural será realizado em todo o País.

“Como as manicures e tatuadores trabalham constantemente com materiais perfurocortantes, eles são o alvo do concurso cultural. As manicures deverão fazer uma arte em uma unha, que expresse a prevenção. Os tatuadores também apresentarão tatuagens que mostrem o trabalho correto. Outro prêmio será para um texto que relate a prevenção”, explicou Liliana.

Dentre os prêmios estão TVs, autoclaves e prêmios de até R$ 5 mil em dinheiro. As inscrições podem ser feitas através do site www.aids.gov.br/artehepatites, até o dia 20 de setembro.

A doença

Especialista no assunto há 12 anos, Liliana afirma que os tatuadores se previnem tanto quanto as manicures, apesar de terem um zelo maior com seus clientes. “Tanto as manicures quanto os tatuadores se previnem bastante atualmente, e isso é muito importante”.

A médica infectologista Maristela Pastore explica que existem diversos tipos de hepatite, sendo que os vírus mais comuns são os A, B e C. São transmissíveis através do contato sanguíneo, principalmente por materiais perfurocortantes, os tipos B e C, quase assintomáticos no início do acometimento do paciente.

“Elas são transmitidas através do sangue em contato com o sangue contaminado. Acontece que as manicures, principalmente, acham que só lavar e passar álcool nos alicates já é um processo de esterilização. O vírus da hepatite C sobrevive até 7 dias e o da hepatite B em cerca de 48 horas”, disse.

Ela frisa que a esterilização de alicates deve ser feita com o aparelho autoclave e instrumentos como as lixas e palitos devem ser descartados. “A não ser que a pessoa tenha o seu próprio kit. Os tatuadores devem usar as agulhas descartáveis e as tintas também não podem ser reaproveitadas”, acrescentou.

Exame para o diagnóstico da doença pode ser feito nas unidades de saúde

O diagnóstico da hepatite pode ser feito em qualquer unidade de saúde, no Centro de Testagem e Aconselhamento ou no ambulatório do Programa de Tratamento de Hepatites Virais do Hospital Estadual de Bauru. Segundo a médica infectologista Maristela Pastore, o número de casos aumentou no último ano. No entanto, ela atribui este aumento à conscientização da população em realizar o exame.

“É muito importante que as pessoas façam esse exame. É gratuito e pode ser realizado em qualquer unidade de saúde da cidade. As hepatites B e C são assintomáticas em seu início e causam inflamação do fígado, cirrose. A pessoa emagrece, sente fraqueza, dores nas pernas. Sua transmissão também pode acontecer através da relação sexual. Nem sempre precisa existir um corte ou sangue visível”, alertou.

O Sistema Único de Saúde oferece a vacina contra a hepatite B gratuitamente, que deve ser tomada até os 29 anos, em três doses. “É uma vacina com 98% a 99% de eficácia, quase indolor e com pouco efeito colateral. Os profissionais da saúde podem solicitar a vacina gratuitamente”.

Desde sua criação, em 2008, o ambulatório do Programa de Tratamento de Hepatites Virais do Hospital Estadual já atendeu cerca de 280 pacientes portadores de hepatite B e C. Atualmente, 50 pacientes recebem atendimento multiprofissional da equipe especializada.